A “Amamentação em 3D” é o tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), de 2011, comemorada de 1 a 7 de agosto em todo o mundo.Conexão, sinergia, cooperação, parceria e comunicação: essas palavras capturam a energia e o poder da solidariedade humana.
Há vinte anos, um grupo de consultores e líderes globais uniu forças para uma causa que vale a pena – a promoção da amamentação.A SMAM foi criada para comemorar a Declaração de Innocenti e, a partir disso, tornou-se um evento anual celebrado por milhares de pessoas e grupos em todo o mundo.
Desde 1992, a World Alliance for Breastfeeding Action (WABA) nos convida a celebrar os inúmeros benefícios da amamentação para a saúde de mães, de bebês e do planeta. A cada ano, um desafio temático é lançado à sociedade, principalmente para os profissionais de saúde. Porque a cada SMAM um tema central é abordado entre o amplo espectro que a amamentação proporciona.
Uma revolução na comunicação
Vivemos um momento em que se não aderirmos à internet, às redes sociais e às novas tecnologias digitais, ficaremos à margem dos acontecimentos. Uma nova geração de mulheres já incorporou as ferramentas da web no dia a dia. Comunidades virtuais de ajuda mútua em aleitamento, sites e blogs especializados de instituições, de organizações não governamentais e de consultores de amamentação são fontes de informações de fácil atualização e disseminação.
A semana mundial de 2011: você está falando comigo?
Atualmente, a internet nos traz a possibilidade de encontrar facilmente informações sobre qualquer assunto.
Usamos as redes sociais para encontrar rapidamente amigos e familiares que moram longe.Em relação à amamentação, há muita informação disponível por meio desses canais.
Não há dúvida de que a amamentação proporciona saúde nutricional e preventiva para bebês e crianças, sendo uma das práticas mais sustentáveis do planeta. A amamentação também é importante para as mulheres, ajudando-as a perder peso após o parto, protegendo-as contra o câncer de mama e outras doenças e adiando o retorno da menstruação e ovulação. No entanto, em muitos lugares do mundo, ainda temos que trabalhar muito contra os baixos índices de amamentação exclusiva e continuada.
Por que existe uma lacuna entre o que sabemos e o que está efetivamente acontecendo?
Assim como os componentes do leite materno, que formam um complexo vital de nutrientes e células vivas, a interação renovada e animada entre as pessoas é vital para cultivar e apoiar as mães que amamentam! Tais interações fazem com que a mãe saiba que não está sozinha.
Enquanto governos locais e nacionais tentam diminuir as desigualdades econômicas e sociais, a amamentação se estabelece consistentemente como uma iniciativa sustentável, democrática e uma resposta de baixo custo a esses problemas.Campanhas como a SMAM e outras políticas de saúde em muitos países esclarecem às mães que é possível amamentar.
Com tantas formas de comunicação acessíveis pela ponta dos dedos, agora é o momento perfeito para compartilhar e empoderar.O desafio é encontrar mensagens criativas com as quais possamos nos identificar, envolvendo também espectadores não tradicionais.Um público importante são os jovens, visto que apresentam inúmeras ideias, energia e entusiasmo e desempenham um importante papel na formação do futuro de suas comunidades.
Uma mãe precisa sentir-se apoiada, mas esse apoio precisa vir de fontes e setores múltiplos, com mensagens corretas e consistentes de todos os seus contatos.
O que podemos fazer a esse respeito?
O tema da SMAM 2011 nos lembra de que amamentar é uma experiência 3D – uma oportunidade de ter um maior alcance, um investimento em um futuro saudável e, finalmente, uma lente ímpar através da qual vemos o mundo.É fundamental lembrar que para obter sucesso nesta campanha, precisamos nos comunicar bem. Somos o mundo e queremos saber por que amamentar é importante.
Este ano estamos pedindo a todos que ampliemos horizontes, mediante o meio de comunicação ao qual tiverem acesso, e compartilhem as mensagens necessárias para que cada mulher tenha sucesso na amamentação.
Espaços virtuais x apoio real
Está comprovado que a mulher não amamenta sozinha. Na espécie humana, a amamentação não é mais instintiva, é uma habilidade, uma cultura que precisa ser retomada com promoção (incentivo), proteção (defesa) e apoio (suporte).
Informações seguras e oportunas, no momento em que a mulher precisa e solicita, de uma fonte confiável de profissionais de saúde capacitados ou de grupos de mães, são determinantes para evitar o desmame precoce.
Grupos de apoio formados por mulheres que vivenciaram a lactação e conseguiram superar obstáculos e dificuldades são espaços privilegiados para prover acolhimento para nutrizes de primeira viagem.
Mobilização em todo o país
O Brasil tem se destacado por sua criatividade nas comemorações da SMAM.O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria há mais de uma década instituíram a madrinha da semana (algumas vezes, acompanhadas de padrinhos).Este ano, a atriz Juliana Paes e seu filho estarão em cartazes, spots de rádio e na TV divulgando as vantagens do leite materno.
Secretarias de estado, prefeituras e maternidades promoverão seminários, debates, gincanas, concursos, exposições, passeatas, “mamaços” e “blogagens” coletiv@s...
Política pública respalda iniciativas
Em nosso país, o aleitamento é uma política pública bem-sucedida desde a década de 1980. Um conjunto amplo de iniciativas impacta de maneira positiva a prevalência de amamentação exclusiva.
Na área hospitalar, podemos destacar os Hospitais Amigos da Criança, a metodologia Mãe Canguru – atenção humanizada ao recém-nascido prematuro e de baixo peso, a Rede de Bancos de Leite Humano etc., e na atenção básica, a Rede Amamenta Brasil, a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação em alguns estados, a Pastoral da Criança, os Agentes Comunitários de Saúde.
Na área jurídica, há a licença-maternidade, que, gradativamente, se estende aos seis meses, leis e resoluções que compõem a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e salas de apoio à amamentação nas empresas que possibilitam retornar ao trabalho com a continuidade do aleitamento.
Capacitações em todos esses campos com dezenas de publicações e vídeos que estão disponíveis na internet não permitem que fiquemos desatualizados. Uma tendência atual é o reconhecimento de que a amamentação é um fenômeno complexo que merece uma abordagem transdisciplinar. “Novas” áreas de conhecimento conquistam um lugar para um melhor manejo clínico da lactação: fonoaudiologia, odontologia, fisioterapia, endocrinologia, psicossomática, sexualidade etc.
Todos devem dedicar tempo para se atualizarem neste tema tão fascinante. Afinal, como disse o fisiologista francês Claude Bernard: “O que pensamos que sabemos é o que nos impede de aprender”.
Fonte: Marcus Renato de Carvalho
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